Ejamor: Identidade, liberdade e transformação
Contribuições para Educação Popular do Município de
Santa Inês
Este blog é uma produção dos participantes do Curso de Especialização em Educação de Jovens e Adultos Articulada a Educação Profissional, do Instituto Federal Baiano – Campus Santa Inês, voltado a todos(as) educadores(as) que atuam com educação de pessoas jovens e adultas, seja nas redes públicas de educação básica ou em espaços sociais diversos. É espaço para mutualidades: comunicação, (in)formação e manifestações escritas
Edite Maria da Silva de Faria
Abril 16,2021
Disciplina IV do Curso de Especialização Em Educação de Jovens e Adultos Articulada a Educação Profissional
Legislação e Políticas Públicas Em EJA
PROFA. DRA. Edite Maria da Silva de Faria
Mulher negra, professora, nascida no campo. Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), mestrado (2008) e doutorado (2014) em Educação e Contemporaneidade pela UNEB. Professora Adjunta do Departamento de Educação- Conceição do Coité, Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia em regime de Dedicação Exclusiva (DE). Professora Permanente do Mestrado em Educação de Jovens e Adultos (MPEJA)/UNEB, vinculada a Área de Concentração 2 ? Formação de Professores e Políticas Públicas. Membro da Coordenação Colegiada do Fórum Regional de EJA do Território do Sisal da Bahia. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Política e Avaliação Educacional (GEPALE) Bahia, vice- líder do Grupo de Pesquisa Educação do Campo e Contemporaneidade do PPGEduC/UNEB e pesquisadora do Grupo de Pesquisa GEPALE UNICAMP. Pesquisadora associada a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) membro do GT18- Educação de Pessoas Jovens e Adultas. Participa da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS). Curadora do Café com Paulo Freire Bahia. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação do Campo e Periferias Urbanas, atuando principalmente nos seguintes temas: política e avaliação educacional, educação e trabalho, educação de jovens, adultos e idosos, educação popular, educação do campo, movimentos sociais populares, currículo e formação de professora/es.
tivemos o imenso prazer de primeiro, conhecer, depois conviver, ouvir, aprender e se emocionar, com a professora Doutora Edite Maria da Silva de Faria. Que ser humano incrível! Enfim, chegamos a quarta disciplina do curso e até então tem sido muito gratificante todo esse processo de aprendizagem e troca de conhecimentos. A condução dada a esta disciplina foi simplesmente surpreendente e acredito que para todos. Quando se pensa em falar em legislação, geralmente vem na nossa cabeça algo chato e maçante, mas nada que a professora Edite Maria não dê um jeito de transformar em algo leve, animado e emocionante.
Num processo de construção de conhecimento e de formação é de extrema importância falar sobre legislação, conhecer um pouco mais e revisitar quantas vezes forem necessários para que o nosso processo de compreensão seja realmente o que deva ser entendido por nós e principalmente cumprido ou quando negligenciados que tenhamos a consciência de que lutas precisam ser travadas para que este cumprimento, seja concretizado por todos os envolvidos em qualquer processo. Direito é direito e deve ser constituído e respeitado por todos, assim a professora inicia falando que o campo da Educação de Jovens e Adultos tem uma longa caminhada e que essa política tem que ser reconfigurada. Discorre sobre a condição dos sujeitos da EJA segundo Arroyo – a condição de agentes de sua própria história os faz, além de sujeitos do direito ao conhecimento, sujeitos do direito à cultura, à diversidade, à memória e ao corpo, reafirmando a condição de sujeitos coletivos. Pondera sobre a preocupação no processo da educação formal dos estudantes trabalhadores no contexto presencial e virtual. E afirma que a EJA deve ser considerada como um espaço esperançoso e sobretudo um espaço de protagonismo, a Educação dos populares deve ser considerada em ato de resistência e nos questiona:
Quem são os sujeitos da EJA?
Eles são sujeitos tomados como coletivo de direito?
Logo após, trouxe um vídeo com uma entrevista de Paulo Freire, de 17 de abril de 1997, que falava sobre as marchas. Freire diz que as marchas são andarilhagens históricas do mundo”, que revelam “o ímpeto de vontade amorosa de mudar o mundo. Cita o Movimento Sem Terra e afirma que esse Movimento constitui para ele uma das expressões mais fortes da vida política e da vida cívica do país e completa dizendo que é preciso mesmo brigar para que se obtenha o mínimo de transformação. Que os Sem Terra marcham contra uma vontade reacionária histórica implantada no país. E aí a professora nos indaga mais uma vez, perguntando:
1. O que é educação?
2. Trazemos a educação como uma prática de liberdade?
Nesse momento a professora nos chama a responsabilidade dizendo-nos que nós somos as vozes dos sujeitos da EJA, que precisamos resistir e lutar para que esses direitos sejam materializados, que é nossa responsabilidade aumentar o nosso processo de formação e ingressar em outros espaços informacionais.
A professora solicita que escolhamos um objeto que representa a trajetória da EJA para nós e que a partir daquele momento nos apresentássemos com este objeto que era arremetido a um sentimento ou estado de espírito. Por exemplo: Girassol, fotografia, sapatinho de bebê, espelho, entre outros.
E para concluir o dia a ATIVIDADE PRÁTICA EM CASA. A professora distribuiu eixos temáticos entre as equipes para serem apresentados na aula do dia 30 de abril, finalizando o encontro com vídeo teoria da ação dialógica e a música Utopia de Zé Vicente.
Abril 30,2021
No dia 30 de abril de dois mil e vinte e um, a professora Edite desejou bom dia a todos e iniciamos as apresentações, ficando acordado que seria 20 minutos de cada equipe e que as considerações ficariam para o final de cada turno.
Os eixos temáticos a serem apresentados eram:
I – Educação de Jovens e Adultos um campo de direito e de responsabilidade pública;
II – Políticas Educacionais para EJA: Fronteira entre o instituído e instituinte;
III - Panorama da EJA no contexto brasileiro: identidades, especificidades e diversidade dos sujeitos;
IV – As Contribuições de Paulo Freire para Educação Popular.
O nível das apresentações realizadas foi muito profícuo. E para fechar os diálogos, trouxemos as contribuições de Freire para a Educação Popular e, nessa altura não tem como não se emocionar, se emocionados já estávamos com a dinâmica proposta para a nossa apresentação pessoal; trazer algo que nos remetesse a algum sentimento que nos representava e fazia relação com os seres que compõe a Educação Popular. Estudar um pouco mais sobre o pensamento Freiriano quanto aos aspectos ou características da Educação Popular, seu caráter emancipatório, educação libertadora, transformação de realidades, educação como ato político. Aprender com Freire sobre o conceito fundante de sua obra: a conscientização. Ele afirma que para fazermos mudanças em nossas vidas, nas nossas ações, nós precisamos nos conscientizar. Mas ele também afirma que não basta apenas se conscientizar. Nós precisamos nos conscientizar e termos uma ação transformadora, e essa ação transformadora se concretiza através do diálogo. Diálogo esse que tem que ser feito entre os pares e de forma horizontal, ou seja, não existe ninguém superior a ninguém, nenhuma coisa é melhor que outra, cada uma tem sua importância no contexto onde é empregado, por isso afirmamos que Paulo Freire destaca-se desde as décadas de 60 e 70 e continua fundamental hoje, agora e será sempre para pensar a educação no país e no mundo. Um ser humano nunca será o mesmo antes e depois conhecer Freire.
Deixamos aqui o registro do cordel apresentado por nossa equipe de Santa Inês inspirados em Paulo Freire.
Contribuições de Paulo Freire para Educação Popular
Vamos falar de um método que surge,
E veio para revolucionar.
Adivinha aonde?
Pois é, se não sabe vou contar.
É no Brasil, se achegue pra cá.
E esse movimento se articulou para exigir o direito ao acesso à educação a todo cidadão.
E o analfabetismo que era a causa de todo o reboliço precisava logo ser combatido.
Mas nem todos pensavam assim.
E por isso meu irmão, toda essa democratização,
em um tempo lá atras, foram reprimidos meu rapaz.
E um cara muito arretado, sem medo e bem organizado
Criou um programa com solução, para todo um povo sem condição.
E foram surgindo programas, formando cada dia mais cidadãos
Dentre tantos se destaca esses que vou te falar,
Escola Sem Partido, Movimentos dos Sem Terra, esses para começar.
E não é que ele tinha razão?
Ah, não te falei o nome do cabra não?
Ele foi o Senhor Paulo Reglus Neves Freire
Dando força, voz e vez a toda a população.
E para Freire a educação não podia excluir os oprimidos, não.
E de Recife para o mundo
Implantou a Educação Popular com uma visão libertadora para todos se achegar.
E a palavra desafio era com ele mesmo.
Experenciou um método estranho
Chamado Freiriano!
Alfabetizar em 45 dias era um desafio,
Que não assustava não,
300 adultos, lendo e escrevendo do Norte Sul para o mundo,
publicou vários livros, perseguido e exilado, ele deixou o seu legado.
Um viva daremos a essa figura, que com sutileza e astúcia, transformou a educação
De muitos cidadãos.
(Autora: Jeane Rocha Bandeira)
A professora finaliza o encontro realizando as considerações finais e utilizando uma dinâmica, aonde tínhamos que dizer uma palavra para algum colega que não tínhamos grande conhecimento sobre o mesmo que ao longo daqueles dois encontros tinha nos chamado a atenção no outro. A professora conseguiu iniciar e terminar a disciplina nos emocionando.
Gratidão a professora Edite pela produção, conhecimento e emoção proporcionada durante estes dois encontros.